quarta-feira, 30 de maio de 2012

Palavra de Vida – Junho de 2012

Palavra de Vida – Junho de 2012
“Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida
eterna, e que o Filho do Homem vos dará”. (Jo 6,27)
Após ter saciado a fome da multidão, multiplicando os pães à beira do lago de Tiberíades,
Jesus saiu para a outra margem do lago, na região de Cafarnaum, às escondidas, para fugir do
povo que desejava fazê-lo rei. Mesmo assim, muitos tinham saído à sua procura e o tinham
encontrado. Mas Jesus não aceita todo aquele entusiasmo, por demais interesseiro. Aquelas
pessoas comeram do pão milagroso, mas se limitaram à vantagem puramente material, sem
captar o significado profundo daquele pão, que mostra Jesus como o enviado do Pai para dar a
verdadeira vida ao mundo. Eles o veem apenas como um milagreiro, um Messias terreno, capaz
de lhes garantir alimento material abundante e a preço baixo. É nesse contexto que Jesus lhes
dirige estas palavras:
“Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida
eterna, e que o Filho do Homem vos dará”.
O “alimento que não perece” é a própria pessoa de Jesus e é também o seu ensinamento,
pois o seu ensinamento e a sua pessoa constituem uma só coisa. E lendo mais adiante outras
palavras de Jesus, percebe-se que esse “pão que não perece” se identifica também com o corpo
eucarístico de Jesus. Podemos afirmar, portanto, que o “pão que não perece” é Jesus em pessoa,
que se doa a nós na sua Palavra e na Eucaristia.
“Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida
eterna, e que o Filho do Homem vos dará”.
A imagem do pão, assim como a da água, é muito empregada na Bíblia. Ambos
representam os alimentos básicos indispensáveis para a vida humana. Ora, Jesus, aplicando a si
mesmo a imagem do pão, quer dizer que a sua pessoa, o seu ensinamento, são indispensáveis
para a vida espiritual do homem, assim como o pão é imprescindível para a vida do corpo.
O pão material, sem dúvida, é necessário. Tanto que Jesus mesmo o providencia de forma
milagrosa para as multidões. Porém, só o pão material não é suficiente. O homem traz dentro de
si – talvez sem ter plena consciência disso – uma fome de justiça, de verdade, de bondade, de
amor, de pureza, de luz, de paz, de alegria, de infinito, de eterno, fome que nada no mundo pode
saciar. Jesus se propõe a si mesmo como o único capaz de saciar essa fome interior do homem.
“Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida
eterna, e que o Filho do Homem vos dará”.
No entanto, apresentando-se como o “pão da vida”, Jesus não se limita a afirmar
a necessidade de nos nutrirmos dele – ou seja, que precisamos acreditar nas suas palavras
para termos a vida eterna – mas quer nos fazer experimentar a sua vida. De fato, ao
afirmar: “Trabalhai não pelo alimento que perece” ele nos faz um convite insistente. Diz que é
necessário ir atrás, imaginar de tudo para conseguir esse alimento. Jesus não se impõe, mas quer
ser descoberto, quer que experimentemos a sua vida.
É claro que o homem, unicamente com as suas forças, não é capaz de chegar até Jesus. Só
por um dom de Deus isso é possível. Mas Jesus está sempre convidando o homem a colocar-se
na disposição de acolher o dom Dele mesmo, um dom que Jesus deseja lhe fazer. E é justamente
se esforçando por colocar em prática a sua Palavra que a pessoa chega à plena fé Nele, a saborear
a sua Palavra como se saboreia um pão cheiroso e gostoso.
“Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida
eterna, e que o Filho do Homem vos dará”.
A Palavra de Vida deste mês não tem por objetivo um ponto determinado do ensinamento
de Jesus (como, por exemplo, o perdão das ofensas, o desprendimento das riquezas etc.), mas
nos conduz de volta à própria raiz da vida cristã, que é o nosso relacionamento pessoal com
Jesus.
Acredito que todo aquele que começou a viver com empenho a sua Palavra, sobretudo
o mandamento do amor ao próximo – síntese de todas as palavras de Deus e de todos os
mandamentos –, percebe ao menos um pouco que Jesus é o “pão” de sua vida, capaz de saciar
os desejos de seu coração, que é a fonte de sua alegria e de sua luz. Colocando-a em prática,
experimentou, ao menos um pouco, que a Palavra de Deus é a verdadeira resposta aos problemas
do homem e do mundo. E uma vez que Jesus, “pão da vida”, faz o dom supremo de si mesmo
na Eucaristia, o cristão procura espontaneamente recebê-la com amor, e ela ocupa um lugar
importante em sua vida.
Então, é preciso que aquele que já fez essa fantástica experiência não guarde para si a sua
descoberta, mas, com a mesma insistência com que Jesus exorta a buscar o “pão da vida”, não
guarde para si a sua descoberta, mas a comunique aos outros, a fim de que muitos encontrem em
Jesus aquilo que seu coração procura desde sempre. É um enorme gesto de amor que ele fará aos
irmãos para que também eles possam conhecer o que é a verdadeira vida já a partir desta terra, e
tenham a vida que não morre. E o que haveria de melhor para desejar?
Chiara Lubich
Este comentário à Palavra de Vida foi publicado originalmente em agosto de 1985.
 
Postagem: Romero

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